quinta-feira, janeiro 08, 2015

LIBERDADE DE EXPRESSÃO E SEU PREÇO

LIBERDADE DE EXPRESSÃO E SEU PREÇO
Capa do tabloide francês Charlie Hebdo, de setembro de 2013 sob o título "Intocáveis" mostra rabino empurrando um muçulmano numa cadeira de rodas, que o alerta "não se deve zombar".

A Bíblia nos ensina a que sejamos "tardios para falar" (Tiago 1:19), certamente sugerindo que quem pensa mais para falar corre menos risco de falar o que não se deve, ou nem se pode...
Liberdade de expressão é algo reclamado e exigido por todo cidadão do mundo moderno e faz parte dos textos constitucionais da maioria das nações desta terra.
Há, no entanto, um dito popular que também não é bom que seja desprezado, utilizado certa vez pelo Romário, referindo-se a mais uma "pérola" proferida pelo Pelé: "quem fala o que quer, ouve o que não quer". Ou sofre o que não quer, como no caso do atentado terrorista ocorrido na quarta feira, 07/01/2015, contra a redação do pequeno jornal Charlie Hebdo, em Paris, onde radicais islâmicos assassinaram 12 pessoas.
Claro, nem em sonho, minha intenção aqui é justificar a barbaridade praticada por esses lunáticos, fanáticos e imbecis religiosos e de ideologia maligna. Nada, absolutamente nada, poderia justificar tamanha barbárie.
Mas, vamos a alguns fatos dignos de consideração.
O Charlie Hebdo nasceu na virada das décadas 1969/70 e se notabilizou pelo que os demais cartunistas e jornalistas pelo mundo a fora chamam de "crítica com um humor agressivo". Mentalizem o termo "agressivo"...
Jean Cabut, Tignous (em cima); Charb e Georges Wolinski, cartunistas do jornal; todos mortos no atentado de 7 de janeiro.

O primeiro de baixo, com barba e usando óculos, Stéphane Charbonnier, o cartunista "Charb", como ficou conhecido, era o diretor do tabloide. Após ter sofrido diversas ameaças de morte, vivia sob escolta policial e era autor da declaração: "prefiro morrer em pé do que viver de joelhos", em resposta às repreensões que sofria devido o que publicava como afronta aos muçulmanos. E provavelmente foi o que acabou acontecendo.
Os radicais islâmicos reclamam da falta de respeito da instituição jornalística para com a religião muçulmana bem como, e talvez principalmente, para com o profeta Maomé e o livro sagrado deles, o Corão. Mas talvez nem se deem conta de que o tabloide pegava pesado com todas as religiões, governos e seguimentos da sociedade que eles considerassem privadores dos direitos alheios.
O Charlie Hebdo não aliviava pra ninguém. E pra se ter uma ideia superficial de sua linha editorial, segue abaixo algumas capas de seus jornais:
Nesta capa, o cartunista e uma representação do que seria o profeta Maomé se beijam calorosamente sob a legenda que diz: "O amor é mais forte do que o ódio". O que para os muçulmanos é uma afronta imensurável.

Já nesta capa de julho de 2013, um muçulmano é alvejado numa imagem que trás a declaração: "O Corão é uma merda"; e o aviso: "ele não para balas".

Nesta, de maio de 2012, o alvo é o então papa Bento XVI, e a legenda: "Uma toupeira no Vaticano".

Talvez, no que seria a mais ousada de suas capas, esta de novembro de 2012 ironizava a Santíssima Trindade, e abordava como tema central o casamento gay.

Diante de tal conteúdo, insisto, sem qualquer pretensão de tentar justificar a selvageria praticada pelos extremistas no atentado em questão, fica claro que o que os responsáveis pelo conteúdo veiculado pelo Charlie Hebdo trata como "liberdade de expressão" pode perfeitamente, também, ser taxado como expressão esdrúxula, desrespeitosa, imoral e terrivelmente mal educada, de muito mau gosto.
Sem dúvida, faziam e continuarão fazendo uso de sua liberdade para continuarem ofendendo ao que, na visão deles, expresse seus sensos contraditórios.
Como cristãos, temos a Bíblia como regra de fé e prática e, bem diferente dos islâmicos que respondem à bala tais ofensas, buscamos imitar nosso Mestre, que sendo zombado quando dependurado na cruz, em meio a sofrimentos, dores e humilhações terríveis, intercedia junto ao Pai do Céu em favor de seus próprios algozes: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem"! (Lucas 23:34).
De certa forma, sem querer fazer comparações, o conteúdo jornalístico do Charlie Hebdo pode ser considerado como uma forma de atentado. Atentando à fé alheia, à crença de famílias inteiras pelo mundo a fora, à família por assim dizer, e ao próprio Deus.
A reação dos extremistas islâmicos é reprovável. Uma selvageria mesmo. Algo a ser repudiado pelos séculos.
Mas os diretores, redatores, cartunistas e todos os responsáveis pelo que esse tabloide publica, certamente, podem ter sido vítimas deles mesmos, encontrando uma paga ingrata pelo ódio que, de certa forma, se empenharam por propagar.
Sua forma, por exemplo, de defender o casamento gay, não precisava, de modo algum, expor a tamanho ridículo a Divindade como a fizeram.
Talvez, o texto a baixo explique um pouco do que possa ter acontecido:

Romanos 1:
28 E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, 
29 cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, 
30 caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, 
31 insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. 
32 Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem. 

Ironicamente, "profeticamente", sabe-se lá o que, chame como quiser, Charb havia acabado de publicar no último número da Charlie Hebdo, um desenho tristemente premonitório.
No desenho há a frase "Ainda não houve atentados na França", mas um extremista com uma metralhadora interrompe dizendo: "Espere! Temos até o final de janeiro para fazer nossos votos"... confira a imagem:





- Para ver mais capas de edições do Charlie Hebdo http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/31703-capas-do-charlie-hebdo

terça-feira, janeiro 11, 2011

A Verdadeira Recompensa

 
Com pouco mais de 40 anos de idade, Francisco de Assis Alves é um de nossos primeiros frutos colhidos no Campo de União-PI desde nossa chegada, nos primeiros dias de 2009.
Homem simples, tímido, trabalhador... e, em sofrimento tanto seu quanto da família dado o estado em que o encontramos quando o vimos pela primeira vez. Viciado, dormindo pelo chão... sem ser possuidor de qualquer bem, salvo a roupa do corpo, surrada e suja, era ele o maoir motivo de tristeza e preocupação de sua mãe, a senhora Dorinha, uma idosa com mais de 70 anos e um joelho com ligamentos rompidos (aqui eles chamam de "desmentido"...).


Francisco e sua mãe (irmã Dorinha)

Francisco fez parte de nosso primeiro rol de batizados, tendo sido levado às águas na manhã do dia 14 de junho de 2009, para satisfação de sua mãe e para fim de boa parte de seus tormentos (ainda há filhos e netos incrédulos...)

Seu batismo, em 14/06/2009

Sua primeira Ceia, no mesmo dia em que foi batizado

Quando de nossa saída da IB Filadelfia de União, para plantarmos a Igreja Batista Amor sem Fronteira, dada a proximidade de sua casa à Filadelfia, aconselhamos a ele e à sua mãe para que permanecessem lá, até mesmo em virtude das condições físicas da irmã Dorinha. Para nossa surpresa, eles optaram por nos acompanhar, praticamente atravessando a cidade de um lado para outro e, pra completar, esse homem tão tímido, sem qualquer tato com as palavras e com o microfone, certo dia, nos pediu para dar seu testemunho. O que saiu nesse "testemunho"... os próprios irmãos podem conferir no vídeo que gravamos, neste último domingo, 09 de janeiro de 2011:


segunda-feira, abril 12, 2010

Voando Para Pregar o Evangelho

    Será que dá mesmo certo esse negócio???- No último sábado (10/04), assistindo àquela pregação "divertida" dos pastores da Igreja Voz da Verdade, enfim, terminei por ver da parte deles algo deveras reprovável.
- O Pr. Carlos Alberto Moyses criticava abertamente aqueles que, por sua vez, criticavam o Malafaia em virtude da aquisição do tal avião. É claro que não estou aqui pretendendo minar o direito do pastor do vozeirão lindíssimo pela exteriorização de sua opinião a esse respeito, longe disso. Todavia, ele completou sua fala com um comentário que passou a merecer maior apreço de minha parte, quando disse: "... criticar o pastor porque ele comprou um avião?!?!? Isso é algo necessário nesses dias. Imaginem se Jesus, hoje, ainda estaria andando de jumento?!?!? Ser contra tal atitude do pastor é manifestação de um espírito de miséria!".
- Pois bem, vamos lá.
- O equívoco do amado Pr. Carlos Moyses nasce, sobretudo, de um total desconhecimento da geografia, da cultura e das condições de vida nos dias de Jesus lá pela região do Oriente Médio. Ora ora, se Jesus pretendesse, haveria à sua disposição tanto jumentos, quanto cavalos, carros (movidos a tração animal) e as famosas carruagens. Até os escravos de "celebridades" dispunham de tais recursos, a exemplo do eunuco etíope, um pobre homem que teve seus balangandans dilacerados com o fim de servir a uma rainha.
- Não obstante haverem todos esses recursos a seu dispor para deslocamentos, o Mestre maior optou mesmo foi por andar a pé. E veja que Ele podia simplesmente se transladar de um lugar para outro como num "passe de mágica", se tão simplesmente quisesse.
- E isso tem motivo. Não foi à tôa não.
- Tudo quanto o Mestre fez só o fez para que nos servisse de exemplo, sendo Ele mesmo nosso Modelo a ser imitado e, em tudo.
- O que Jesus mais pretendeu durante seu ministério foi ser acessível. Até para atravessar um certo lago, dispensando os recursos navais já disponíveis à época, Ele optou por caminhar sobre a água.
- O Pr. Carlos, acompanhado de seu irmão que pregava uma exposição desastrosa de Eclesiastes 3, expondo absolutamente nada a ver com o texto sobre o qual tentava embasar sua mensagem, certamente agira de modo a manter sua política de "boa vizinhança" com o Malafaia, com quem divide palcos apesar da forte divergência teológica existente entre trinitarianos e o Unicismo defendido com certa veemência e "violência" pela Voz da Verdade. Até aí a gente entende. Preferências e conchavos deles à parte, já que ninguém tem nada a ver com isso, vamos a uma avaliação quanto às andanças de Jesus em seus dias e as dos homens da atualidade.
- Como dito a cima, Jesus tinha mais o que fazer além de simplesmente sair de um local e chegar em outro, de modo que, pelo caminho, e exatamente pelo caminho, é que Ele desenvolveu boa parte de seu ministério terreno.
- Foi passando à entrada de Jericó que um certo cego, aos berros, chamou a atenção do Senhor para que pudesse ser curado. Imaginemos o pobre cego trombando na buzanfa de um cavalo certamente rodeado de discípulos tentando chamar a atenção de Jesus...
- Numa passada dessas, a mulher do fluxo de sangue (ilustração a cima) conseguiu tocar na orla de seu manto. Teria ela sido curado se tivesse alcançado a ponta do rabo de um jumento???
- Teria Lázaro ficado mesmo por 4 dias no sepulcro, diminuindo a intensidade do milagre, se Jesus tivesse ido para Betânia de carruagem?
- O caso é que os que pretendem ser os "representantes de Cristo" (ministros, literalmente) nos dias atuais já não incorporam mais aos seus ministérios o contato físico com as potenciais pessoas totalmente dependentes de terem suas vozes ouvidas ou mesmo de tocarem neles dada à inacessibilidade dos santos, a exemplo do Papa, que se desloca em seu papamóvel com vidros à prova de balas exatamente para não ser incomodado por ninguém. Afinal, há pessoas más que pretendem matá-lo e, nem se pode imitar mesmo tudo o que Jesus fez... (Rm 6:5; Fp 3:10).
- Fico pensando no pobre Bartimeu, hoje, berrando para ser ouvido por um pastor a uns 8.000 metros de altitude e viajando a uma velocidade de uns 700 Km's por hora... Ou a mulher do fluxo de sangue se rastejando na pista de um aeroporto tentando passar a mão ao menos do trem de pouso do asa dura do pastorzão...
- Seria plenamente justificada a necessidade de se atender a vários lugares com o fim de se levar a mensagem do Evangelho da Salvação. Mas, será mesmo isso que tem sido levado aos Shows Gospels marcados pela presença de grupos e cantores de renome que não se movem se não for em troca de um cashê considerável?
- As meras palavras ditas conferem com a acessibilidade (ou a falta dela) para que os que anunciam a mensagem da Cruz estejam mesmo em contato com os que a ouvem?
- Não! Certamente que não.
- Jesus Cristo pode até ser visto como uma celebridade para nós, hoje, que já somos conhecedores da história. Mas, para os de seus dias Ele fora visto mesmo como um que não tinha formosura alguma e era desprezado por uns que para Ele olhavam meneando as cabeças (Is 53:2).
- Jesus poderia sim, amado Pr. Carlos, andar de jumento durante o exercício de seu ministério. Mas, nem isso Ele fez. Como visto, ele viajou em velocidade ainda muito inferior à que o senhor humildemente e ignorantemente sugeriu. Ele foi a pé.
- E não foi a pé para fazer caminhada, ficar sarado ou diminuir suas taxas de colesterol. Não! Ele assim se deslocou para manter contato com o povo. Para tocar e ser tocado pelo povo. Para escutar os clamores do povo.
- Durante seu ministério Jesus falou muito. Mas, Ele também escutou muito.
- Estariam seus ministros, hoje, dispostos a escutar o povo também?
- Caberia um mendigo cego (Lc 18:35) ou uma pobre ex-mulher rica (Lc 8:43) portadora de uma doença no mínimo nada higiênica em seus aviões ao menos para levá-los aos locais onde eventualmente pudessem encontrar um auxílio médico?
- Ou seria possível que tais deslocamentos super rápidos fariam com que tais ministros chegassem de modo mais imediato aonde os suas presenças se fizessem para auxiliar os mais desesperados?
- Não Pr. Carlos... de modo algum. Questionar as aquisições dos aviões por parte desses ministros não é manifestação de espírito de miséria coisa nenhuma. Longe disso.
- É manifestação sim, de um espírito de revolta e inconformismo com o que está sendo feito com o Evangelho da Graça, com o que deveria ser a pregação da única e última esperança para um mundo perdido e que, não obstante, tem sido transformado em fonte de lucro para a satisfação dos mais variados fetiches e desejos desenfreados de terem, ao invés de serem o que Jesus lhes determinou que fossem.
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quinta-feira, maio 28, 2009

Em cima... ou embaixo... Onde me achas, Jesus?

As recentes contendas entre irmãos, surgidas principalmente na CADB (Comunidade Assembleia de Deus no Brasil http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=371618) no Orkut, em virtude de uma análise da música “Faz um Milagre em Mim” (de Regis Danese) feita pelo Pr. Ciro Sanches Zibordi (http://cirozibordi.blogspot.com/2009/05/como-zaqueu-eu-quero-descer.html) têm me levado a reflexões que, inevitavelmente, me obrigaram a externar um parecer melhor elaborado a respeito dos fatos e ver, se possível, um pouco do incêndio ser apagado.
Pois bem, o simples fato de tal manifestação por parte dos irmãos, uns favoráveis ao comentário do Pr. Ciro, e outros contrários a ele (como eu) ter-se resultado em contendas, trocas de farpas, dissensões, chingamentos e demais ofensas já seria suficiente motivo para desabonar o tão bem elaborado (metodologicamente falando) trabalho do pastor. Mas, há algo mais.
“O ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as transgressões” (Pv 10:12).
Diante do provérbio canônico aqui citado, sem o pretexto do isolamento de verbetes para embasar opiniões, quero chamar a atenção para a reprovável atitude do Pr. Ciro, lamentavelmente seguida por inúmeros partidários e compartilhadores de sua opinião, que aliás, respeito, embora não concordando. O amado e até “idolatrado” Pr. Ciro (autor de várias matérias que até já indiquei a alguns) não fez o prudente uso, no caso específico, da instrução e capacitação que Deus o tem dado para a instrução dos irmãos.
A análise textual feita por ele quanto à letra da canção de autoria do “novo convertido” Regis Danese seria uma maravilha, se numa aula de Hermenêutica Bíblica, de Exegese do Novo Testamento ou até de Filosofia e/ou Antropologia para análise com aprovação ou reprovação do Cristocentrismo.
Preciso deixar claro que não morro de amores pela canção, achando-a, no máximo, “legalzinha”, daquelas que de tanto ouvir a gente acaba que se flagra cantarolando. Todavia, diferente de uma enorme quantidade de irmãos nossos, também não a detesto, de modo algum. E, não farei aqui, também uma análise pormenorizada de sua letra, tal qual o fez o Pr. Ciro, até mesmo para não chover no molhado, uma vez que, também, vejo na letra erros teológicos e uma tendência ao antropocentrismo e desvalorização da Obra de Cristo em toda a ação monergista por Ele realizada para a salvação de todo o que n’Ele crer. Não é essa minha intenção.
Desse modo, compreendendo que há falhas teológicas na letra, preciso enfatizar que tais falhas não põem em risco a Doutrina bíblica da salvação nem tão pouco apresenta qualquer heresia perniciosa que possa, eventualmente, desviar alguma pessoa da fé. Pelo contrário, tenho sido eu mesmo testemunha da conversão de inúmeras pessoas tanto aqui no interior do Piauí quanto em Brasília (onde estive até o final de dezembro último) facilitada, direcionada, incentivada... por essa canção.
Dentre esses que vi se convertendo, alguns andam comigo, e têm aprendido dia a dia sobre a centralização da Pessoa de Cristo, de sua suficiente e ímpar atitude para a salvação de almas, enfatizando que não é subindo em nada, nem para nada, que se chega (obtém) à salvação.
O irmão Regis Danese, em entrevista à TV Record semanas atrás, informou não ter chegado nem à 6ª série. Não obstante, tanto para composição de letras românticas para cantores seculares, como para as composições (não menos românticas) para a música gospel e, ainda, para trabalhar como produtor musical, tem demonstrado rara habilidade.
Verdade é que, se acompanhado por uma pessoa mais experimentada (um pastor?), provavelmente teria ele providenciado alterações na letra da canção para melhor adequá-la teologicamente. Mas, se tal não se deu, e esse moço realmente tiver composto sua música em momento de quebrantamento de coração, deveras movido pelo Espírito Santo, nada de extraordinário ou inédito ele fez, crendo ainda, que tal composição não se deu com vistas à popularidade que sua música alcançou, sendo que, até os lucros (R$) advindos dela certamente não eram esperados pelo irmão em questão (ao menos eu duvido que ele esperasse tal faturamento).
Aliás, pelo Espírito fazemos, falamos, cantamos e oramos o que nem nós mesmos sabemos definir o que seja (Rm 8:26), engrossando o “time” do qual faz parte até o próprio apóstolo Paulo.
Claro, não vou aqui fazer uma apologia à ignorância, muito menos tecer um comentário depreciativo à necessidade da Teologia Acadêmica (da qual faço parte) para a elaboração e análise de tudo quanto cantamos, pregamos e fazemos. Mas, não posso deixar de exaltar a máxima de que, tanto os compositores de séculos passados, que têm suas canções eternizadas nas páginas dos Hinários, do Cantor e da Harpa, bem como vários e vários compositores modernos também deram suas derrapadas teológicas, no que não irei colocar nenhum exemplo aqui tão somente para que o debate não se assevere ainda mais, sendo que, algumas dessas derrapadas são sim, deveras prejudiciais à fé, diferente da inofensiva letra do irmão Danese.
O que faltou ao Pr. Ciro quando de sua análise foi um mínimo de bom senso e flexibilidade para afirmar, também, que tal canção pode causar muito mais benefícios do que malefícios no meio cristão. Afinal, apontem um crente que haja se desviado da fé ouvindo tal canção, ou um que afirme jamais querer se converter à fé por causa do teor dessa música.
O Senhor Jesus mesmo afirmou que “quem não é por Ele é contra Ele; e quem com Ele não ajuntasse espalharia” (Lc 11:23); e não é heresia inverter o texto, afirmando que “quem é por Ele não é contra Ele”.
Gostaria de ver o Pr. Ciro, ou mesmo seus apoiadores apontarem na letra da canção os reais perigos à fé cristã; que dissessem: isso aqui é perigoso! Ou: Eis aqui o mal! Ou, ainda: É esse o perigo que se corre cantando ou ouvindo essa canção! Mas, estou convicto de que tal é impossível.
Particularmente, indicaria outras canções, mais corretas para a exaltação da Pessoa de Jesus Cristo e da totalidade da Obra por Ele realizada para nossa salvação. Mas, estou convicto de que essa canção (“Faz um Milagre em Mim”), e tantas outras até mais mal redigidas do que essa também têm levado pessoas à reflexão, à introspecção, à curiosidade... quem sabe... de subir em alguma coisa (os muros de uma Igreja?), ou de descer a algum lugar (uma garagem nalgum porão de oração?) tão somente para ver quem é esse Jesus a cerca do qual tanto se tem falado.
O Senhor é Deus para fazer descer a uns, subir a outros (Sl 75:7). A uns Ele vê prostrados com rosto em terra e os deixa assim; a outros Ele manda que se levantem, que se ponham de pé. Paulo em Romanos 8, na lista do que não o separará do amor de Deus inclui, também, a altura e a profundidade (v. 39), deixando claro que nenhuma das situações, que são comuns à vida de qualquer ser humano, tem de fazer diferença quanto à máxima de se ter Jesus no centro de tudo, a cima de tudo, sendo verdadeiramente tudo em todos (Cl 3:11). Até porque, o mesmo Paulo também disse ter aprendido a viver contente em toda e qualquer situação (Fp 4:12), entenda-se que tanto estando por cima como estando por baixo, ou sobre alguma coisa ou mesmo sob alguma coisa.
Portanto, ao fazer sua unilateral avaliação, o Pr. Ciro só considerou a possibilidade de se ver a Deus, ou de ser visto por Deus estando por baixo, descendo, caindo (ou caído) e que, em se estando mais alto, mais elevado ou por cima de algo ou até de alguém não se vê a Deus ou não se é visto por Ele. Negligência, terrível negligência. Se assim fosse, nenhum rico, autoridade ou qualquer pessoa de elevada situação, quer seja financeira, de fama ou por que motivo seja, encontrar-se-ia com Jesus em algum momento de sua vida.
É válida, correta, bíblica... a interpretação de que a descida de Zaqueu da árvore tem de ser enaltecida ante sua mera atitude de subir tão somente para ver Jesus. Todavia, sua subida na árvore não pode nem deve ser vista como uma atitude de soberba, de arrogância ou de tentativa de se colocar em situação de mais elevada posição do que a dos demais, salvo pelo motivo biblicamente anunciado que o fez subir ali, ou seja, o de que era um homem de baixa estatura (nosso popular nanico). Os que vêem mais do que isso para condenar sua subida na árvore também estão indo além do texto e arranjando chifre em cabeça de jumento.
Na minha observação, pecou em muito maior grau o Pr. Ciro do que o Danese no tocante à composição e conseqüente análise em questão. Sim, uma vez que um agiu só com a boa vontade, movido pela emoção, pelo quebrantamento de coração, sem a (talvez necessária) bagagem acadêmica para tal ao passo que o outro, detentor de tamanho conhecimento (sim, o deve possuir dada à “saudável” ousadia em comentar com tão severa crítica) negligencia ao uso de sua totalidade (do conhecimento) para a avaliação do assunto levando em consideração todo o cenário que o cerca, bem como, todas as possibilidades avaliativas e aplicativas para o caso, mais ou menos, como um motorista que, embora possuindo vários retrovisores para olhar o trânsito à sua volta, despreza a existência de todos e, olhando tão somente para um deles faz sua manobra desastrosa e provoca um acidente completamente desnecessário e perfeitamente evitável.
Por fim, mantendo meu respeito e apreço pelo Pr. Ciro e por suas mensagens (não todas), termino repetindo uma frase que postei em um dos vários tópicos criados na Comunidade para abordagem desse tema, ou seja, “que o Pr. Ciro desperdiçou uma excelente oportunidade de se abster em fazer um comentário”.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

RESTITUIÇÃO

Comum do linguajar gospel nos dias atuais o termo “Restituição” tem feito parte do palavreado dos crentes como uma espécie de oração da vez.
E canta-se: “restitui, eu quero de volta o que é meu” ou; de modo mais radical, e por que não dizer violento: “eu fui no terreno do inimigo é tomei tudo que me roubou”...
E ora-se: “Senhor, restitua tudo quanto o inimigo me tem tomado!!!”, e etc... etc... etc...
Interessante é que, oriunda da popularmente chamada Teologia da Prosperidade (embasada em 100% nos textos veterotestamentários), a agora “doutrina” da restituição, acaba se colocando contra um exemplo de abnegação, humildade, mansidão e confiança na providência divina e muita disposição para o trabalho árduo que em muito condena esse tal clamor por restituições, que faz com que os fiéis clamem a Deus pela devolução de tudo quanto eventualmente tenham perdido (ou deixado de ganhar), ou lhes façam dirigir-se até ao próprio diabo, afim de que lhe arranquem das mãos tudo quanto pertença ao crente.


No texto de Gênesis 26:12-25, lemos os relatos bíblicos sobre o período de permanência do patriarca Isaque na terra de Gerar, por determinação de Deus, a fim de que lhe fizesse prosperar mesmo em meio aos pagãos e em época de fome geral (v. 12). As condições da época, e a presença dele habitando entre incrédulos não lhe impediram de enriquecer ali (v. 13), no que também, suscitou a inveja, daí a oposição por parte dos moradores da terra que, malignamente, trataram de colocar impedimentos para que o homem de Deus continuasse a prosperar.
Imediatamente, tiraram de Isaque seu acesso à água, matéria preciosa sem a qual não produzimos nada, entulhando-lhe os poços que usava, e que haviam sido cavados por seu pai, Abraão, quando por ali também habitou (v. 15). Expulso pelo rei pagão, foi procurar local para continuar habitando, em paz (vv. 16,17).


Humildemente, Isaque vai reabrir os poços anteriormente também cavados por seu pai, no novo local que arranjou para se instalar (vv. 18,19). Malignamente, os moradores locais contendem com Isaque por causa do poço (v. 20), pelo que Isaque, ainda movido pela mesma humildade e mansidão que lhe marcaram a vida, vai cavar outro poço (v. 21), sobre o qual, os malignos moradores da terra contenderam novamente (v. 21), fazendo com que Isaque, partindo também dali, fosse cavar outro poço (não perca as contas, já é no mínimo a 3ª seqüência de poços), tendo visto cessada a contenda, pelo que, certamente em virtude de tamanha manifestação de mansidão e humildade, recebe a visita do Senhor (v. 24), motivo pelo qual, levanta um altar a Deus, ali mesmo, continuando em sua pacífica e próspera abertura de poços (v. 25).
É legal ver que Isaque, integralmente assistido por Deus, no qual não perdia sua fé, realmente era restituído de tudo quanto lhe era tirado. Todavia, não sem que houvesse muito empenho de sua parte, a saber:


· Ele não contendeu com seus opositores, nem mesmo nos termos que lhes fizesse ter passado na cara a preguiça que tinham de providenciar a abertura de seus próprios poços, além da ousadia que tinham em entulhar alguns dos que Isaque abrira. Nisso, lições de humildade e de mansidão tremendas foram dadas e estão aí para a eternidade, já que Isaque não lhes foi hostil;


· Nas “restituições” dos poços que Isaque experimentou ele não foi isentado da necessidade de colocar a mão na massa no sentido de, sempre que chegava ao novo local, ter de cavar novos poços (ou limpar os antigos) para que tivesse acesso à tão preciosa e indispensável água;


· E, principalmente, uma vez que ali ele se encontrava por determinação de Deus, não vimos no relato bíblico nenhuma oração de Isaque a Deus no sentido de pedir que os homens parassem de lhe expulsar, ou de entulhar seus poços ou de que, em chegando a algum lugar, encontrasse água saindo de alguma rocha ou, em algum poço aberto por algum anjo ou coisa parecida.


Que lições tiramos disso, se considerarmos os apelos por restituição de nossos dias?


Vamos lá. Se no lugar de Isaque tivéssemos grande número de crentes (evangélicos) de nossos dias, certamente, o relato bíblico traria uma oração nesses termos:


“Oh Senhor... tu nos mandastes para este lugar. Cavamos esses poços com nossas próprias mãos. Da água que daqui temos tirado temos produzido muitas coisas, criado muitos rebanhos, dos quais, fielmente, temos lhe dado os dízimos de tudo. Agora, esses malignos filisteus vêm aqui e nos entulham os poços, ou nos querem expulsar da terra para onde o Senhor nos mandou. Então, Senhor, honra-me e luta por mim. Elimina o inimigo do meio de nós e não permita que nos sejam tomados o que conquistamos”.


Ou, no mínimo:


“Senhor. Já que tivemos de sair daquela terra para essa outra, faz um milagre e permita-nos encontrar água sem que precisemos cavar”.


E, o que seria mais comum:


“Oh meu Deus. Viemos para cá a mando do Senhor, e perdemos tudo o que tínhamos. O inimigo roubou o que era nosso. Agora, Senhor, restitui o que o inimigo nos tem tirado!”


Parece piada, ou uma tentativa de adivinhação de minha parte, mas o que aqui transcrevo o faço mediante o que vejo no dia a dia.
O que todos querem é ter restituído a si algo que, em algum momento da vida, por algum motivo lhe tenha sido tirado, inclusive eu, claro.
Todavia, sem “chamar os agentes do inimigo para a briga”, sem “colocar Deus contra a parede”, ou sem “reivindicarmos nossos direitos junto a Deus” ao que parece, não há muita gente disposta a se apossar de tal restituição.


No evento bíblico supracitado, não vemos Isaque participando de qualquer campanha de oração, nem de nenhuma corrente dos trezentos e lá vai pedra... nem de rosa ungida, nem de galho de arruda, nem de oração forte, nem sequer de qualquer oração. E, por que teria Isaque agido assim?
É evidente que Deus nos quer no mundo em meio a uma geração corrompida para que os influenciemos com bons testemunhos de vida, a fim de que conheçam ao Senhor. Algo de diferente tem de ser notado nos procedimentos do povo de Deus. Se Isaque tivesse partido para a briga com os filisteus, muito provavelmente, ele até teria vencido a batalha. Mas, agindo desse modo, ele em nada estaria demonstrando diferença entre os que servem e os que não servem a Deus. Prova disso é que ao perceberem os pagãos que Isaque era homem de Deus, trataram de fazer aliança com ele, exatamente por reconhecerem a soberania do Deus de Isaque, de modo que, digamos, em termos modernos, Isaque ganhou aqueles homens para o Senhor (vv. 26-31).
Temos de ressaltar, ainda, que escavar poços naquela região nunca foi osso mole de roer. Solo rochoso, sem ferramentas como as de hoje... Lendo o texto, até parece-nos moleza escavar ou limpar poços na região da Palestina, mas creiam, não é. Para piorar, depois do sofrimento da escavação, não havia qualquer garantia de que se chegaria à água. Piorando mais um pouco, ainda que se achasse a água, não haveria a garantia de que a água fosse boa para consumo. Logo, os pagãos tiveram de perceber que o Deus de Isaque não era qualquer Deus, e que Isaque era um homem diferente. Ora ora, esse homem não perdia o ânimo para escavar tantas vezes quantas fossem necessárias e, todo poço que o homem cavava dava em água, e água de boa qualidade, como o popular dito dos pescadores goianos, sobre que “para cada enxadada, uma minhoca”.


Conjecturando, que testemunho divino teria sido dado por Isaque se os seus opositores tivessem sido derrotados em batalhas? Que instrução de soberania de Deus lhes teria ficado latente? Como chamariam a Isaque a fim de se aliançarem com ele, mediante reconhecimento do poderio de seu Deus?
Assim, de agora por diante, pensemos mais de uma vez antes de empreendermos campanhas, batalhas e requisições de restituição quanto ao que, eventualmente, tenhamos perdido, quer tenha nos sido tirado pelo inimigo ou, até mesmo pela falta de disposição em “cavarmos novamente”, ou seja, em regaçarmos as mangas para correr atrás do que nos julgamos merecedores, sabendo que o Senhor é conosco, e que, primordialmente, é por meio de nós que Ele quer que sejamos conhecidos no mundo inteiro. Não por sermos tão bons de tiro quanto os muçulmanos; não por sermos tão bons de rituais religiosos quanto os feiticeiros; não por sermos chorosos, queixosos e clamantes ferrenhos a um Deus que nos dê o que pedimos sem a necessidade de que nos empenhemos duramente para conseguir.


Os homens precisam nos achar prósperos, porém, depois de sermos trabalhadores mansos, humildes, perseverantes e prontos a nos sentarmos, comermos e bebermos com eles, a fim de que nos aliançemos para que o nosso Deus seja exaltado e conhecido deles em todo o seu potencial, verificado por não fazer de nós pessoas que ajam exatamente da mesma maneira que qualquer pessoa do mundo agiria, mas por sermos pessoas que se portam no meio da comunidade em que vivemos de modo absolutamente estranho, porém, magnificamente santo. Então, antes de clamarmos a Deus pela restituição, sem esmorecer na fé, sem omitir a sujeição ao único Deus, com nossas próprias mãos, trabalhemos para construir novamente, sempre que necessário, tudo quanto, eventualmente, viermos a perder durante o curso de nossas vidas.

sábado, outubro 13, 2007

Dinheiro. O combustível do "evangelho", hoje.


Texto de Lukas Mello, extraido de uma comunidade do orkut com sua devida autorização.
(O Título, bem como a figura ilustrativa [quem vê, entende...] foram de minha responsabilidade.
Texto em resposta à repreenda de um irmão, no Orkut (http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=371618&tid=2558859225605715887&na=1&nst=1 ), pela manifestação de sua insatisfação com a deturpação da mensagem do Evangelho em nossos dias.
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- Agradeço as palavras. O que tenho falado é reflexo de uma verdade que acredito. Não me considero canalha, covarde ou coisa do tipo. O que falo sei que é um sentimento de muitos que já estão com um nó na garganta de tanto receber atrocidades espirituais em nome de um evangelho adulterado. Eu não me dou o direito de ficar calado quando vejo irmãos agredidos e quando a fé que professo é agredida em nome de um ensinamento brutal. A história é realmente dialética e gera tensões, mas o que ela me ensina é que não há nada que se envolva com soberba e corrupção que não venha à queda. Isso tem sido como um efeito dominó ou numa muralha que derruba muitos outros que estavam à sombra de seus ídolos. Meus pais me falaram que nos anos 80 o Jimmy Swaggart era uma espécie de SM americano, com o mesmo discurso, a mesma "autoridade" e se sentia o apologeta da moralidade. Conseguiu em pouco tempo montar um império financeiro através do tele-evangelismo e criou discípulos aos montes no Brasil ao ponto que alguma coisa só tinha fundamento se alguém dissesse "o Jimmy foi que...". Conseguiu um desafeto na cidade de Baton Rouge chamado Jim Baker que era outro televisivo e de quem ficou com a emissora e patrimônio de TV depois de um adultério que se tornou público. Baker sendo acusado por Swaggart passou anos a fio procurando um motivo para pegá-lo, o que veio a acontecer em 1988 num motel com Swaggart e prostitutas. O homem moralista e, denunciador, caiu exatamente onde ele havia se beneficiado anteriormente. Não quero atrelar essa história ao que estamos vendo, e em nenhum momento pensaria nisso, mas cito apenas para dizer que não há soberba que não tenha nada em oculto. Estamos vendo uma série de escândalos que serve para denegrir a imagem da fé que professo, desde dinheiro de contrabando em peças íntimas de mulheres de bispos até dólares escondidos em Bíblia. SM vai sempre à público e fala de perseguição da imprensa. Os casos recentes dos líderes da Renascer são fatos incontestáveis e os dois continuam idolatrados e defendidos como que sendo a imprensa que agride o Evangelho. Até o surgimento da IURD não havia motivos do evangelho no Brasil passar pelas provas de qualidade e de verdade. Pastores simbolizavam homens de Deus e eram respeitados por isso. Os anos 80 revelaram uma nova leva de pastores que enriquecem da noite para o dia com suas coberturas em Ipanema, haras para seus cavalos, mansões com elevadores panorâmicos, frota de carrões importados, emissoras particulares de TV e um discurso afinado de provisão divina e prosperidade por entender que a vontade de Deus é que se seja rico e que pobreza é sinal de pecado. Mostram-se como restauradores da nação através de suas igrejas que mais aparentam um banco financeiro que um centro de recuperação de vidas caídas neste país injusto. Elegem seus deputados, senadores que fazem lobby diante da justiça na hora de julgamentos por charlatanismo e lavagem de dinheiro. E nós, eu e você Walter, e muitos outros temos que ficar calados e sermos taxados de covardes e fakes por não concordarmos com essa gana de corruptos que estão ai. Eu optei por não aceitar isso, porque minha criação foi baseada numa família que mantém a índole acima de qualquer coisa. Filho de assalariados, nunca passei fome e fomos lutadores para estar onde estamos. Sempre fomos dizimistas e contribuímos para a igreja. Participamos ativamente da vida social religiosa e discipulamos novas pessoas. Nesse meio, temos que ensinar o bom viver cristão e o que é certo e errado. Falamos da honestidade por sabermos o significado dessa palavra no dicionário e na vida prática. Nossa fé não é apenas um show da fé, mas algo que se traduz em gestos assistindo aos necessitados e contribuindo na melhoria de suas vidas sociais. Não vivemos do “oba-oba” de divertir massas e negar a eles a verdade do evangelho, mas abrir a Bíblia e dizer o que realmente significa sua mensagem, sem mentiras, máscaras e sem nos beneficiar dela.
Eu imagino aqui como seria Jesus sentado numa cadeira de estúdio e tendo que se justificar de acusações de seus desvios de condutas ou defender o roubo de Zaqueu dos milhões desviados de impostos. Talvez fosse hilário Jesus não transformar os corações de seus discípulos, mas apenas dizer: “tragam seu dinheiro, pois eu preciso de mais um patrimônio no meu nome e isso fará progresso no evangelho que prego”. Como não seria interessante a caixa forte adquirida através de sua mensagem manipuladora em vez de falar a verdade. Será que ele se venderia por 40 mil dólares a alguém tendo sua boca alugada para condenar um outro? Isso não seria as suas 30 moedas de prata? Não, Jesus foi diferente e acima de tudo mostrou características boas para os seus discípulos ensinando a repartir as alpercatas e capas para o bem estar do outro.
Sua mensagem se traduzia em amor e era uma convocação a todos quantos seriam seus discípulos. Sua popularidade o levou a cruz, pois sua mensagem agredia apenas àqueles que queriam manter suas riquezas como eram o caso de saduceus e fariseus. Quando foi interpelado por alguém que queria o seguir ele apenas disse que não tinha onde reclinar a cabeça. Mas hoje é diferente: cantores têm cachês, bandas são ídolos e pregadores celebridades que tem ouro, prata e dinheiro lavado em bancos estrangeiros em operações criminosas. Desse evangelho ai eu estou fora. Esses cantores e pregadores não tem alimento pra minha alma. Suas práticas só podem ter uma atitude minha que é a de me opor, protestar e ao mesmo dizer que não temos obrigação de ver passivamente o evangelho ser considerado apenas como a ideologia de ladrões.
Quero me proteger e quero proteger o que creio. Quero entrar na minha faculdade de cara limpa e cabeça erguida e falar com os meus vizinhos que este evangelho que vivo transforma vidas e não é meio de fazer ladrões. Quero dizer a todos que existe algo de mais singelo, sublime e terno nas reais palavras de Jesus. Hoje é difícil de ver um pregador que tenha paixão pela sua prédica, pois a maioria só prega se tiver garantido os seus proventos antecipados. A cantora citada cobra R$ 1.000,00 por música cantada em eventos. Os novos talentos e as novas bandas se contaminam e entram nesse clima também e todos se acham merecedores porque o evangelho que vivem se traduz apenas em bens materiais e não na gratuidade de quem recebeu a salvação gratuitamente. Aí fica em nós o direito de escolher e eu escolho o que sou, mesmo sendo um “covarde”, “fake” ou coisa do tipo. Não importa o que possam dizer se está arraigado dentro do meu coração o direito de falar a verdade por não ter sido domesticado para viver na mentira. Eu sou isso mesmo e quero continuar sendo assim para poder olhar nos olhos de todos e dizer: TENHO CORAGEM DE SER DIFERENTE E COMPROMISSO PARA FAZER A DIFERENÇA.


Lukas Mello http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=10962835571026271828

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

"Trazei Todos os Dízimos..."


Malaquias 3:10
Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida.

X
Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.

2ª Coríntios 9:7
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- Dízimos... ironicamente, é sugerida sua pronúncia pelos irmãos até no momento de posar para fotografias, uma vez que tal pronúncia, inevitavelmente, arranca um "largo" sorriso do potencial modelo fotográfico.
- Mas, ironia à parte, falemos sério. Em meio às dezenas de abordagens mensais que me são feitas, a fim de que me "arranquem" uma definição a esse respeito, destaco a indagação mais comum: -"Dízimo é bíblico ou não é?".
- Muito bem. Temos de, então, concordar que bíblico ele é. Porém, a forma que ele é “cobrado”, pregado e administrado, não.
- Temendo muito o embate por parte dos religiosos, os crentes, que ainda priorizam o texto bíblico e suas determinações, não via textos isolados, mas, segundo um contexto amplo e abrangente, que leva em consideração a Bíblia de Gênesis a Apocalipse, têm se empenhado para informar à Igreja que, atualmente, a “apelação” em que se constituíram os métodos para levar o povo a contribuir com a “obra” são antibíblicos e desonestos.
- São antibíblicos porque consideram isoladamente textos que não têm a menor possibilidade de aplicação para a Igreja, tais como os “gafanhotos” do livro do profeta Joel, bem como as exortações do profeta Malaquias para lembrar ao povo judeu sobre a responsabilidade que tinham para com o Templo de Jerusalém e o sustento da Tribo de Levi que, para cuidarem exclusivamente do culto, não receberam herança como terras, lavouras ou rebanhos, tendo de ser mantida por seus irmãos (Dt 10:8-9) que são as outras 11 tribos. Tal exortação se deu pelo fato de os judeus retornados há vários anos da Babilônia, agora ricos, na reconstrução da cidade santa, priorizavam seus negócios, suas casas, fazendas e, negligenciavam a manutenção do Templo e o sustento dos Levitas. Enquanto moravam em “palácios”, se quer se compadeciam de seus irmãos em necessidade ou do Templo caindo aos pedaços. Por isso, foram comparados a ladrões, visto saberem das determinações do Senhor nesse sentido e, irresponsavelmente, abandonarem os irmãos sobre os quais Deus os havia constituído materialmente responsáveis.
- São desonestos porque, o líder cristão, inevitavelmente, precisa ser capacitado quanto à Palavra de Deus para guiar adequadamente o rebanho que Deus lhe confiou às mãos. Quanto à essa desonestidade, enumeramos algumas instâncias, a saber:

Os que pregam por ignorância: grupo constituído pela grande maioria de nossos pregadores, movidos por uma religiosidade doentia e uma tradição praticamente inquebrável. Pregam assim porque assim receberam há anos. “Sempre foi assim, por que mudar agora?”; perguntam eles. São pessoas incapazes de mudar seus conceitos, crendo mais no que tradicionalmente sempre se pregou do que em qualquer interpretação bíblica mais adequada.

Os que pregam por conveniência: às vezes eles até têm conhecimento quanto às determinações bíblicas, mas, como “todo mundo” prega e a situação financeira atual pede um “sacrifício” em especial... então, usa-se a máxima de chamar de ladrão o que não dizima ou, de levá-lo à crença de que, não contribuindo, os tais gafanhotos irão “devorá-lo” ou “mordê-lo”, ou coisa parecida. É uma espécie de apelação à sensibilidade...


Os que são “ladrões” mesmo: conhecem as Escrituras, sabem quais as determinações neotestamentárias a esse respeito, mas, em virtude da paixão que têm pelo dinheiro, uma vez que “todo mundo” cobra assim, para manter suas vidas de abastança, arrancam do povo, tudo quanto for possível, sob ministrações da “palavra de Deus” adequadamente elaboradas, inculcando-lhe um temor doentio e levando-o a contribuir “na marra”, com míseros 10%, inicialmente, e com outras quantias mais sob as várias nomenclaturas atuais do tipo, primícias, oferta missionária, campanha sabe-se lá de quê, etc.

- Para os menos avisados, e devidamente cegados pelas pregações deturpadas da Palavra de Deus, ou seja, pessoas que seguem cegamente a doutrinas de homens, incapazes de mergulharem nos textos bíblicos para obterem uma adequada interpretação deles, bem como, dão ouvidos exclusivamente às vozes de pregadores meramente incapazes ou devidamente desonestos, segue-se que, as determinações bíblicas para a Igreja no tocante às contribuições, levam em conta, prioritariamente, o fato de que, na Nova Aliança, ou seja, nesse período da Graça, a determinação de Cristo não mais limita as contribuições aos mesquinhos 10% do período da Lei. Ao contrário, agora, o Senhor espera que nós entreguemos à Sua Obra não 10, mas, 100%. E não 100% dos salários, mas sim, 100% de nossas vidas.
- Agora, convenhamos, um elemento que não aproveita essa “promoção” dos 10%, e não tem condições de entregar 10% de seu salário, certamente, não entregará 100% de sua vida nunca.
- Concluindo. Cientes de que nesse mundo, principalmente na época em que vivemos, é impossível que uma instituição se mantenha às custas meramente dos milagres e da boa fé, principalmente as Igrejas, necessitam das contribuições de seus membros para sobreviver. Todavia, essas contribuições só terão alguma valia espiritual para o contribuinte se for feita voluntariamente, de coração, com alegria (conf. 2ª Co 9:7). E, como uma “ducha gelada” nas cabeças dos mais religiosos, lamento informar que, essa entrega sob a possibilidade de sanções, caso a entrega não seja feita, ou dando o que lhe está realmente sobrando, espiritualmente, não tem o menor valor. Prova disso, leia a Carta de Paulo aos Filipenses, para que se tenha uma boa idéia do que vem a ser a contribuição voluntária, de coração, por amor, não dando o que se tem em sobra, antes, repartindo com os que nada têm o pouquinho que temos, de modo que tanto uns, quanto os outros, tenham nessa vida o mínimo possível para sobreviver dignamente.
- Quanto às distribuições do que a Igreja tem arrecadado, malignamente, tem-se praticado um farisaísmo sem precedentes, fazendo com que, em congregações freqüentadas por centenas de pessoas, uma só, ou no máximo umas duas ou três, usufrua o que a Igreja possui, ao passo que dentre os fiéis, encontram-se os mais absurdos exemplos de pessoas passando palas mais diversas privações, enquanto a instituição, como um todo, negligencia as ações de interesse social e comunitário, às missões evangelísticas e a demais obrigações que a Igreja enquanto um corpo necessariamente deveria participar.
- Assim, pelo amor de Deus, instrua-se: - “Não contribua na Igreja por motivo de sobra, nem por necessidade (de bênção futura), nem por constrangimento e, muito menos por medo. Antes, faça-o por amor, voluntariamente, antes mesmo que lhe seja pedido”.

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